Bom dia meus queridos! Como prometido, segue a entrevista feita com o professor Jeffrey Collin, para O Globo.
“Tenho 47 anos e nasci em Newcastle, no norte da Inglaterra, bem próximo da fronteira com a Escócia. Minha formação é de cientista político mas trabalho com saúde pública há 15 anos, desde que participei de um projeto para a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre aspectos econômicos do controle do tabagismo”
Conte algo que não sei.
O mercado brasileiro é um dos maiores focos para todas as fabricantes de bebidas alcoólicas do mundo. O motivo principal é o aumento do consumo entre as mulheres. Viram nessa população uma oportunidade incrível. Foi o caso da volta da Miller ao país, mirando o público feminino. Em termos de saúde pública, é muito preocupante. Essas companhias atacam os mercados da mesma forma que a industria do tabaco fez e ainda faz.
Quem converte ao tabagismo vende qualquer coisa?
Na década de 1920 vendia-se a ideia de que o cigarro tornava as mulheres independentes, sexy etc. São as mesmas táticas utilizadas hoje. Não é à toa. Se você é executivo de uma empresa que sofre com o enrijecimento na regulamentação, irá procurar quem teve a mesma experiência, como o tabaco.
Você sustenta que a fast-food entra nesse filão...
Sim. Devemos tratar a fast-food e o álcool como tratamos o cigarro. Assim como o câncer e os males relacionados ao álcool, as doenças provocadas pela comida ultraprocessada, como obesidade e diabetes, têm que ser vistas como epidemias industriais.
Qual a estratégia para lidar com esses fatores ainda excluídos?
A chave para o sucesso do controle de tabaco foi levar o conflito de interesses a sério. Reconhecer que o conflito de interesses entre a industria e a saúde pública é algo fundamental e inconciliável.
A discussão também envolve a liberdade individual...
Sim, e não sou proibicionista. Mas aprendemos com o cigarro que o comportamento não muda só com medidas informativas, no caso, dizendo que existem comidas mais saudáveis. Para atacar as ultraprocessadas, é preciso derrubar o marketing. Como podemos permitir que álcool e fast-food sejam veiculadas na televisão?
A única restrição é a mensagem “beba com moderação".
Sabemos que o “beba moderadamente" tem muito menos apelo que as imagens sexy e atraentes que vêm antes.
Você fuma? Tem um vício?
Fumei quando era estudante, jovem e estúpido. Preocupado em ser cool e rebelde, a imagem vendida. Mas vivo na Escócia! O álcool é a minha escolha de droga, e ela causa danos maciços à saúde pública global.
Ano que vem temos as Olimpíadas. Os eventos esportivos entram na equação?
Em Londres, toda a fortuna gasta era justificada com o chamado legado. O que vimos lá foi o contrário, houve redução na participação de jovens nos esportes após os jogos. A efetividade do evento é muito maior no desenvolvimento de coisas não saudáveis, como fast-food e bebidas.
O Brasil debate o financiamento privado na política. Tabaco e álcool são grandes apoiadoras.... Também se debate a descriminalização da maconha. É lógico permitir bebida e cigarro e proibir a cannabis?
Quanto ao financiamento de políticos por indústrias que são vetores de doenças, pergunto-me o motivo (risos). No caso da cannabis, temos bons exemplos de políticas públicas em Portugal, Holanda, EUA e Uruguai. Mas não tenho muito a acrescentar. Acho que vale a pena destacar o absurdo que foi deixar o tabaco emergir industrialmente. Um produto tão mortal ser disponível em cada esquina....
“Tenho 47 anos e nasci em Newcastle, no norte da Inglaterra, bem próximo da fronteira com a Escócia. Minha formação é de cientista político mas trabalho com saúde pública há 15 anos, desde que participei de um projeto para a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre aspectos econômicos do controle do tabagismo”
Conte algo que não sei.
O mercado brasileiro é um dos maiores focos para todas as fabricantes de bebidas alcoólicas do mundo. O motivo principal é o aumento do consumo entre as mulheres. Viram nessa população uma oportunidade incrível. Foi o caso da volta da Miller ao país, mirando o público feminino. Em termos de saúde pública, é muito preocupante. Essas companhias atacam os mercados da mesma forma que a industria do tabaco fez e ainda faz.
Quem converte ao tabagismo vende qualquer coisa?
Na década de 1920 vendia-se a ideia de que o cigarro tornava as mulheres independentes, sexy etc. São as mesmas táticas utilizadas hoje. Não é à toa. Se você é executivo de uma empresa que sofre com o enrijecimento na regulamentação, irá procurar quem teve a mesma experiência, como o tabaco.
Você sustenta que a fast-food entra nesse filão...
Sim. Devemos tratar a fast-food e o álcool como tratamos o cigarro. Assim como o câncer e os males relacionados ao álcool, as doenças provocadas pela comida ultraprocessada, como obesidade e diabetes, têm que ser vistas como epidemias industriais.
Qual a estratégia para lidar com esses fatores ainda excluídos?
A chave para o sucesso do controle de tabaco foi levar o conflito de interesses a sério. Reconhecer que o conflito de interesses entre a industria e a saúde pública é algo fundamental e inconciliável.
A discussão também envolve a liberdade individual...
Sim, e não sou proibicionista. Mas aprendemos com o cigarro que o comportamento não muda só com medidas informativas, no caso, dizendo que existem comidas mais saudáveis. Para atacar as ultraprocessadas, é preciso derrubar o marketing. Como podemos permitir que álcool e fast-food sejam veiculadas na televisão?
A única restrição é a mensagem “beba com moderação".
Sabemos que o “beba moderadamente" tem muito menos apelo que as imagens sexy e atraentes que vêm antes.
Fumei quando era estudante, jovem e estúpido. Preocupado em ser cool e rebelde, a imagem vendida. Mas vivo na Escócia! O álcool é a minha escolha de droga, e ela causa danos maciços à saúde pública global.
Ano que vem temos as Olimpíadas. Os eventos esportivos entram na equação?
Em Londres, toda a fortuna gasta era justificada com o chamado legado. O que vimos lá foi o contrário, houve redução na participação de jovens nos esportes após os jogos. A efetividade do evento é muito maior no desenvolvimento de coisas não saudáveis, como fast-food e bebidas.
O Brasil debate o financiamento privado na política. Tabaco e álcool são grandes apoiadoras.... Também se debate a descriminalização da maconha. É lógico permitir bebida e cigarro e proibir a cannabis?
Quanto ao financiamento de políticos por indústrias que são vetores de doenças, pergunto-me o motivo (risos). No caso da cannabis, temos bons exemplos de políticas públicas em Portugal, Holanda, EUA e Uruguai. Mas não tenho muito a acrescentar. Acho que vale a pena destacar o absurdo que foi deixar o tabaco emergir industrialmente. Um produto tão mortal ser disponível em cada esquina....
Boa noticia!
ResponderExcluirObrigada !
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